quinta-feira, fevereiro 24

... deixa eu caminhar de leve.


Me vejo num palco, onde minha platéia é você. E você assiste, na primeira fila, aos meus erros. Minhas culpas, e meus tropeços. Eu, a criaturinha imperfeita, incerta, defectiva, fraca. Você, o monstro inabalável, forte e todo poderoso, dono do mundo, sentado no seu pedestal de ser superior. Eu tento ser boa, só um pouquinho, mas dou um passo e tcharam! Caio de novo de cara no chão. Você vibra e coleciona mais um erro imbecil meu, junto a tantos outros, já são tantos. Que burra! Olha lá ela, vai errar de novo. De novo e de novo. Como ela consegue ser tão imperfeita? Mas no fundo, lá no fundo, lá dentro de mim, lá onde mora minha fé, eu sei que não sou tão ruim assim. Ninguém só erra, ninguém só acerta. Nem sou cem por cento boa, nem ruim. Ninguém é só vilão, ninguém é só mocinho. Então tira toda essa culpa das minhas costas, deixa eu caminhar leve. Só preciso de um pouquinho de você. Passa a mão na minha cabeça, amolece meu ódio, transforma em carinho. Me diz que eu não sou tão ruim assim, e você nem é tão bom assim. Eu só estou tentando, você não percebe? Eu tenho te amado desde o começo. Mas agora me dê licença, não quero mais ser boa o suficiente pra você. Nem ninguém. Quero ser boa pra mim, vou fazer isso por mim. Se isso te bastar, volta. 


Nenhum comentário: